Utente:!d'O Magriço valho/teste

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A cena quinhentista

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[[Ficheiro:Interior of Teatro Olimpico (Vicenza)- Scaenae frons close-up - La porta regia.jpg|thumb|Teatro Olímpico de Vicenza: as cenas originais em madeira de Vincenzo Scamozzi são visíveis para além da porta real da parede do proscénio projectada por Andrea Palladio]]

Durante o Renascimento seiscentista, ainda sem um local específico, as representações teatrais, de carácter clássico, eram geralmente realizadas ao ar livre, muitas vezes nos pátios dos palácios nobres cujos proprietários eram os principais utilizadores (e muitas vezes também actores e argumentistas) desses programas. Por exemplo, em Roma, o palácio Riário, onde os atores atuaram no espaço da loggia colonada que, na cultura do humanismo de Pomponio Leto, pretendia ser uma reconstituição da cena clássica.

A “cena” era portanto temporária, adaptada na loggia dos pátios, onde eram utilizadas principalmente cortinas que se abriam e fechavam durante as entradas e saídas dos atores. Após a difusão do espaço perspectivo e a criação de um ambiente unitário, num palco específico, colocado num salão de festas durante cerimónias dinásticas ou no âmbito do carnaval, passou a ser determinado, na década de 1510 do século XVI, uma cena urbana em perspectiva representada ilusionisticamente pela justaposição de planos figurados numa perspectiva centralizada (bastidores e cenário), cujo ponto de fuga foi colocado a uma altura específica que coincidiu com a visão perfeita do príncipe sentado no centro da sala. Os espectadores podiam ser dispostos de duas formas: ou com um lanço de escadas em frente ao palco ou com tribuna lateral para as mulheres e bancos centrais para os homens com palco elevado para a principal autoridade do partido. Este arranjo era naturalmente temporário e foi desmantelado no final da festa, mas teve uma importância considerável do ponto de vista estrutural, pois, ainda que de forma efémera, determinou a disposição teatral do interior.

A definição da praça da cena urbana em perspectiva encontra o seu terreno fértil na actividade romana de Peruzzi e na actividade florentina de Aristotele da Sangallo. Peruzzi entre 1525 e 1536, numa série de instalações por encomendas papais ou nobres, determinou uma tipologia piazza plus via, na qual são justapostos dois níveis cénicos, um na direcção da largura, que possui construções de madeira acessíveis aos atores na área do proscénio, e uma ao longo da extensão que organiza construções figurativas nas alas e no cenário. Aristóteles da Sangallo criou em Florença, entre 1520 e 1540, uma cena que se desenvolve no sentido de largura e contrasta o simbolismo romano do peruano com um realismo florentino, atento à realidade urbana. Estas experiências foram acolhidas e resumidas por Giorgio Vasari entre 1542 e 1565, desde a sua experiência veneziana do Talanta, para uma comissão privada até à florentina para a comissão principesca do Palazzo Vecchio. A cenografia define-se no sentido da profundidade, “um longo caminho ladeado de edifícios”, no do realismo antiquário e urbano, do ilusionismo óptico-luminístico, no enquadramento da vista através de uma elevação cénica. No final do século a cenografia encontra, no plano teórico, uma codificação nas canónicas três cenas de perspectiva (cómica, trágica, satírica) que retoma num sentido moderno à concepção cénica de Vitrúvio em o Tratado sobre as cenas do II livro de Arquitectura publicado em 1545 por Sebastiano Serlio; enquanto ao nível da prática construtiva encontram a grande realização monumental permanente em madeira da cena do Teatro Olímpico de Vicenza (1585) esboçada por Andrea Palladio, autor de o auditório do teatro, e criado por Vincenzo Scamozzi após a morte do mestre, combinando a tradição da cena monumental romana (o enquadramento do proscénio com arcos) a experiência da cena urbana em perspectiva, com acentuação de longos pavimentos recuados com três focos para três ruas distintas enquadradas por arcos. Finalmente, em Florença, o auge da cena maneirista e já pré-barroca foi atingido por um aluno de Vasari, Bernardo Buontalenti que nos anos noventa desenhou grandes cenários ilusionistas para o teatro permanente do Uffizi. Nasceu a cenografia moderna: do experimentalismo das primeiras décadas do século chegamos a uma cena de virtuosismo perspéctico ao nível da profundidade, totalmente enquadrado num prospecto com função de moldura e capaz de mostrar múltiplas visões cénicas com óptica variável, em nome já não da natureza estática, mas do dinamismo cénico.[1][2]

  1. ^ Ver também: Arquitetura imaginária - pintura, escultura, artes decorativas, Museu Nacional de Arte Antiga 1 dezembro 2012 – 30 março 2013, PDF
  2. ^ O Renascimento em uma perspectiva interdisciplinar - Rubens Pantano Filho Emília Amaral Organizadores, 2022 ISBN: 978-65-89010-57-9